Capítulo II – Deus vem ao encontro do homem
Artigo 1 – A revelação de Deus
O conhecimento de Deus acontece também por meio de sua revelação. Esse tipo de conhecimento só é possível porque Deus se revela ao homem.
O projeto de Deus de salvar o homem é clarificado plenamente em Cristo Jesus. Ele se revela por meio de uma pedagogia, gradualmente, e preparando o homem por etapas com palavras e ações. Desde a origem humana Deus se deixa conhecer. Mas o homem pecou, afastando-se de Deus, porém, Deus, na sua infinita bondade, não interrompeu sua Revelação ao homem e ofereceu a ele muitas alianças. Primeiro a aliança com Noé, depois com Abraão, no qual Deus faz a promessa de unidade de todos os povos. Após um seguimento de vários patriarcas, Deus formou o povo de Israel e fez aliança com ele, estabelecendo uma relação íntima com esse povo e dando-lhes um líder e mediador (Moisés). Por fim, a revelação plena nos veio por meio do Filho de Deus (Jesus Cristo), e não haverá outra revelação além dessa. No entanto, mesmo sendo completa, essa revelação tem muito ainda a ser explicitada, o que a Igreja precisa fazer guiada pelo Espírito Santo.
A transmissão da revelação divina foi confiada por Jesus aos apóstolos. Estes por sua vez a transmitiram oralmente e por escrito. Essa transmissão continua com os sucessores dos apóstolos.
São duas as formas de revelação de Deus: A Sagrada Escritura e a Tradição Apostólica. Apesar de serem duas modalidades de transmissão da revelação divina, a Sagrada Escritura e a tradição apostólica estão intimamente ligadas, pois ambas vêm de uma mesma fonte – Deus – e tendem para o mesmo fim – tornar fecundo na Igreja o mistério de Cristo.
A interpretação do depósito da fé contido nessas tradições é confiado a toda a Igreja, a saber, o povo de Deus, unido a seus pastores, mas autenticidade de interpretar é confiada somente ao Magistério. Este tem o papel de fixar os dogmas, sempre em coerência com a revelação, os quais vão guiar todos os fiéis no caminho de Deus. Na tarefa tão difícil de transmissão da verdade revelada, o Espírito Santo conduz a Igreja. Nessa transmissão, a Sagrada Escritura, a Sagrada Tradição e o Magistério estão intimamente unidos, dependendo um do outro para se ter a consistência própria.
Na Sagrada Escritura temos a revelação da Palavra de Deus, que é o Verbo de Deus, mas por meio de palavras humanas. O fato de Deus usar de palavras humanas e de homens comuns para exprimir sua Palavra não lhe tira a autenticidade, porque eles foram assistidos pelo Espírito Santo na composição de seus escritos. Por isso, para a interpretação da Sagrada Escritura é necessário também a ajuda do Espírito Santo para que a verdade seja desvelada em sua totalidade. Nesse sentido, deve-se ter em conta o que os autores quiseram realmente afirmar e o que Deus quis manifestar pelas palavras deles. Para ler a Sagrada Escritura deve-se ter em conta os sentidos literal e espiritual, os quais nos ajudam a entender bem o texto.
Na Sagrada escritura está presente a Palavra eterna do Pai, Jesus Cristo e, para afirmar essa realidade, a Igreja, nos seus primeiros séculos, precisou afirmar os livros que são canônicos, tanto do antigo quanto do novo testamento. Dessa forma definiu-se que esses dois testamentos estão intimamente unidos e nessa unidade manifestam a verdadeira Palavra de Deus. Essa palavra está presente na vida da Igreja e a sustenta. Ela é alimento para a alma dos cristãos, a alma da Teologia, e deve ser lida com veemência pelos cristãos.
Pe. José Antônio Ramos
Vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Perdizes/MG