No quarto pedido do Pai nosso – o pão nosso de cada dia nos dai hoje- pedimos a Deus que não nos falte o pão cotidiano. Esse ‘pão’ ao qual se refere a oração tem o sentido material e, principalmente, o espiritual. Na expressão ‘dai-nos’, os cristãos manifestam a sua confiança em Deus Pai. O ‘pão nosso’ lembra o sentido da partilha, pois é o mesmo pão para todos. Assim, há na oração um apelo para que lutemos contra a injustiça e a fome e, mais ainda, um chamado a levar o pão espiritual para todos. Os termos ‘Hoje’ e ‘de cada dia’ remete ao cuidado de Deus pelo seu povo, dando-lhes tanto o pão material quanto o pão espiritual, no sentido escatológico, ou seja, no ‘hoje’ do Reino de Deus.
O quinto pedido – perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido – nos coloca na situação do filho pródigo. A condição mais frágil do ser humano é a de pecador. Jesus nos perdoa, mas é preciso que nós também demos a nossa contribuição perdoando os irmãos. Isso é difícil, mas não é impossível; unidos a Jesus nós conseguimos. É claro que é impossível extirpar as mágoas e os ressentimentos apenas por nosso querer, mas é preciso que o coração esteja livre de ódio e que rezemos pelos inimigos. Não somos perfeitos, mas somos chamados a sermos perfeitos e, em relação ao perdão, Jesus pede que nos perdoemos uns aos outros infinitamente.
No sexto pedido – não nos deixeis cair em tentação – clamamos a Deus para nos livrar de cair naquilo que é a raiz de todo pecado: a tentação. É claro que não tem como evitar a tentação, pois ela sempre aparece, mas podemos nos afastar, fugir ou resistir. É nesse processo que a graça de Deus nos ajuda. É importante também definir o que é ou não é tentação. Isso se faz pelo discernimento. As provações não são tentações, mas sim momentos de dificuldades que nos possibilitam crescer na fé. Por fim, mesmo que Deus nos ajude, a decisão de cair ou não na tentação é sempre nossa. Somente com a ajuda de Deus conseguimos e, por isso, é importante uma vida de vigilância na oração.
No sétimo pedido – Mas livrai-nos do mal – fazemos nosso apelo a Deus que não nos deixe cair para sempre no mal. O mal aqui significa uma pessoa: Satanás. Ele tenta seduzir o ser humano para a morte. Por isso pedimos a Deus para nos livrar desse ‘mal’, pois é o mal irremediável. No entanto, está incluso nesse pedido os outros males, que são decorrentes do Mal em pessoa (Satanás). Pedimos também o livramento dos males presentes, passados e futuros.
A doxologia – pois vosso é o Reino o poder e a glória para sempre – retoma os três primeiros pedidos no sentido de adoração e ação de graças dadas a Deus pelos anjos e santos no céu, ou seja, no sentido escatológico. Com o amém – que significa ‘isto se faça’, ‘assim seja’ – se faz a confirmação de tudo o que foi dito na oração.
Pe. José Antônio Ramos
Paróquia Santa Cruz de Guarda dos Ferreiros/MG