Na 1ª carta de São João o apóstolo fala de três tipos de concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (cf. 1 Jo 2,16). O nono mandamento – Não cobiçarás a mulher do próximo – proíbe a concupiscência da carne. O termo concupiscência significa ‘a moção do apetite ou desejo’. Ela não é pecado em si, mas apenas uma tendência ao mal, que ficou como consequência do pecado original. Mas será pecado a partir do momento em que se deleita nela deixando que os vícios sejam mais fortes do que as virtudes.
Por isso, o cristão deve estar buscar sempre a purificação do coração, pois este é a sede das decisões. Na Sagrada Escritura diz que são “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). É preciso então lutar para se ter a pureza do coração, do corpo e da fé, vivendo na caridade, na castidade e amando a verdade.
A luta contra a concupiscência deve ser travada todos os dias. Assim, o cristão alcançará a pureza de coração pela virtude e pelo dom da castidade, pela pureza de intenção, pela pureza do olhar e pela oração. Os puros de coração têm pudor, ou seja, modéstia no falar, no vestir e no pensar. Mas a luta não é fácil e depende também de uma purificação da sociedade e dos costumes.
O décimo mandamento é um desdobramento do nono e proíbe a cobiça dos bens dos outros, raiz do roubo e de toda forma de lucrar de forma injusta. O apetite ou desejo é algo natural e normal, mas se torna um problema quando é desenfreado e descontrolado. Assim, com o dizer ‘Não cobiçarás’ este mandamento pede que afastemos do “…desejo de tudo aquilo que não nos pertence. Pois a sede dos bens do próximo é imensa, infinita e nunca saciada, como está escrito: ‘Quem ama o dinheiro nunca se fartará de dinheiro’” (apud, Catech. R 3,10,13).
Importante compreender que o desejo de obter coisas que pertencem ao próximo, desde que por meios justos, não viola este mandamento. Esse pensamento tem mais importância para os comerciantes, que lidam com as relações de compra e venda. O catecismo exorta que estes sejam justos nas relações comerciais.
Sendo assim, o décimo mandamento pede que a inveja seja banida do coração do ser humano. A inveja é um pecado capital, que destrói a caridade no coração das pessoas. O mal da inveja é tão grande que a Escritura diz: “Foi pela inveja do diabo que o pecado entrou no mundo” (Sb 2,24). Ao contrário, que todos sejam capazes, com a ajuda da graça, de obedecer aos impulsos do espírito que se opõe aos desejos da carne.
Para se ter sucesso na luta do espírito contra a carne, o cristão deve preferir Jesus antes de tudo. Para entrar no Reino dos Céus ele precisa dirigir os afetos, moderando os desejos das coisas terrenas e exercendo a pobreza de espírito, pois, conforme diz a bem-aventurança. ‘os pobres de espírito entrarão no Reino dos Céus’
Pe. José Antônio Ramos
Paróquia Santa Cruz de Guarda dos Ferreiros/MG