Artigo 1 – Eu Creio e Artigo 2 – Nós Cremos
O homem responde com fé ao Deus que lhe chama com grande amor à comunhão com Ele. Por ela ele submete inteiramente sua inteligência à vontade de Deus. Nesse sentido, Abraão é o modelo proposto pela Sagrada Escritura, o qual realiza a definição de Hb 11,1: “A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se vêem” (Hb 11,1). Temos várias outras testemunhas no Antigo Testamento. De todas as importantes personagens do Antigo e do Novo Testamento, Maria é quem realizou com mais perfeição a fé em Deus: ela acolheu o anúncio da promessa trazida pelo anjo e, até mesmo na última provação, na morte de seu filho na cruz, não vacilou.
Sendo assim, podemos dizer que fé ‘é uma adesão pessoal do homem a Deus; um assentimento livre do homem a toda a verdade revelada por Deus’ (CIC 144). Por isso crer em Deus implica crer em Jesus Cristo, o Filho de Deus, enviado por Ele para nos salvar, e crer também no Espírito Santo que revela aos homens quem é Jesus.
Existem algumas características que podemos atribuir à fé. Primeiro ela é um Dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele; é graça divina. Ela é também um ato humano, pois o homem é livre na sua resposta a Deus. Crer não é contrário à dignidade humana. Pode-se crer mesmo nas pessoas humanas, como no casamento, por exemplo, quando os noivos juram fidelidade um ao outro. Se se pode crer em uma pessoa, então podemos ainda mais crer em Deus, que é a Realidade e a Verdade Absoluta.
A fé em Deus é mais certa que qualquer conhecimento humano. Entretanto, o homem pode compreender o que se crê, pois assim torna-se cada vez mais profundo o conhecimento da Revelação, o que dá ao fiel ainda mais o desejo de O amar. Dessa forma, não é contraditório razão e fé, pois, se Deus é o criador de tudo, aquele que procura o conhecimento pela ciência de forma sincera e coerente acabará por chegar a Deus.
Isso não implica que acreditar em Deus é uma obrigação, porque todos nós somos livres para crer. Basta observarmos o exemplo de Jesus: sempre mostrou o evangelho como uma proposta e nunca uma imposição. Porém, mesmo sendo acolhida na liberdade, a fé é uma necessidade para agradar a Deus, e é preciso lutar para não perdê-la; deve-se alimentá-la com a Palavra e com as nossas ações.
Por meio dela podemos degustar, já nessa vida terrena, a alegria e a luz da visão beatífica de Deus. Quando formos provados na fé, nós cristãos temos que procurar sempre o exemplo nas testemunhas da fé, especialmente Abraão e Maria. Os santos, juntamente com Maria, alcançaram a visão beatífica de Deus porque perseveraram na fé.
Mesmo sendo um ato pessoal, a fé não é um ato isolado. O crente crê no seio da Igreja junto com outros crentes. O fiel a professa na Igreja, a qual lhe deu a possibilidade de nascer para uma vida nova. Portanto, todas as verdades que o fiel acredita são também as que a Igreja professa. Elas são expressas em fórmulas, mas não se reduzem a elas; é a forma da Igreja guardar e sustentar as suas verdades.
Por fim, a fé que a Igreja confessa é única, a qual foi recebida por um só Senhor, Jesus Cristo, transmitida por um único batismo, e está fundamentada na convenção de que todos os homens têm um só Deus e Pai.
Pe. José Antônio Ramos
Pároco da Paróquia Santa Cruz de Guarda dos Ferreiros/MG