A liturgia deste 5º Domingo do Tempo Comum leva-nos a refletir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo.
Na primeira leitura(Is 6,1-2a.3-8), encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado. Isaías narra a sua vocação, nascida numa visão do templo. Ali o profeta reconhece sua fraqueza e é purificado pelo Senhor. Com isso, fica pronto para a missão. Todos somos chamados a uma missão na vida: cabe-nos, porém, estar preparados e disponíveis para assumi-la. Diante do chamado de Deus, precisamos estar prontos e dizer como o profeta: Eis-me aqui!
No Evangelho(Lc 5,1-11), Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer. Deus, a cada dia, revela a sua grandiosidade àqueles que nele creem. Ele sempre age em favor da salvação da humanidade. Em uma noite de intensa fadiga, fruto de uma pesca infrutífera, Jesus se aproxima dos discípulos desolados e permite que tudo mude, não só naquela noite de pesca, mas em suas vidas. Escutando os conselhos de Jesus, os discípulos pescadores fizeram a experiência de uma pesca extraordinária que para sempre mudaria suas vidas. Diante de tão grande feito, Pedro se sente demasiado pequeno e pecador frente ao grande mistério que se revela em Jesus. Tomado de temor por aquilo que havia visto, Pedro recebe de Jesus a missão de pescar de uma forma diferente: será, a partir de então, pescador de homens. Pedro sente a presença de Deus muito perto dele por meio da presença de Jesus, que manifesta ao pobre pescador a bondade divina. Mesmo não se considerando digno de uma missão tão grandiosa, Pedro é escolhido por Jesus para ser, juntamente com os demais que com Ele estavam, colaboradores na difusão da Boa-Nova. Este breve relato evangélico mostra-nos que o olhar de Deus para os homens é marcado pela capacidade de enxergá-los além das aparências. E, neste olhar, Deus sabe que, para além de nossas fragilidades, existe a possibilidade de nos deixarmos moldar por Ele e, assim, configurar a nossa existência àquilo que Ele espera de nós!
A segunda leitura(1Cor 15,1-11) propõe-nos refletir sobre a ressurreição: trata-se de uma realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo as forças da injustiça e da morte. Com a sua ação libertadora – que continua a ação de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a dar testemunho da ressurreição de Cristo. O centro do Evangelho e da pregação de São Paulo é a ressurreição de Jesus. O apóstolo Paulo, também, reconhece suas fraquezas ao perseguir a Igreja, mas deixa tudo isso para trás e se dedica, daí em diante, à evangelização. Ele é o que é pela graça de Deus, e foi o apóstolo que mais se dedicou à evangelização, a fim de corresponder à graça recebida. Deixemos para trás o que passou e assumamos nosso compromisso com o Evangelho, confiando sempre na graça de Deus.
Somos chamados a ser missionário com o amor! A pesca abundante é fruto do amor que vence o cansaço, o desânimo, a dor e a miséria. O apostolado será fecundo se nosso programa de trabalho estiver inspirado no Evangelho, e não em nossos próprios interesses. O “deixar tudo e seguir Jesus”(Lc 5,11) é entrar em sua barca livre e feliz: “Eu vou, eu vou!”.