Dom João Bosco Óliver de Faria
Arcebispo Emérito de Diamantina – MG
Ensina o Catecismo Católico: O escândalo é uma atitude ou comportamento que leva outrem a praticar o mal. Aquele que escandaliza torna-se tentador do próximo. Atenta contra a virtude e a retidão; pode arrastar o seu irmão à morte espiritual. O escândalo constitui uma falta grave se por ação ou omissão conduzir deliberadamente o outro a uma fala grave (Cat. 2284).
As pessoas na Igreja que se envolvem em escândalos estão na Igreja, mas não são a Igreja. Já nos disse Jesus: Ai do mundo por causa dos escândalos. É inevitável, sem dúvida, que eles ocorram, mas ai daquele que os provoca (Mt 18,7)!
O fato de ser batizado, de ser cristão, de ser católico, de ter recebido as ordens sacras ou de ter cargos e responsabilidades na Igreja não garante a santidade de vida a ninguém. Deus dá a Sua Graça, a Sua Bênção, mas se a graça de Deus for desprezada pela pessoa, se não for, devidamente, valorizada, este desprezo da graça divina pode interromper para aquela pessoa o receber novas ajudas do Céu. Aquela pessoa, antes boa ou santa, começa a perder a graça que possuía e, sem se alimentar espiritualmente, torna-se capaz de atitudes opostas ao Evangelho e de gerar escândalos. O importante é cada um cuidar-se bem com os dons que recebeu de Deus, para não vir a ser pedra de escândalo para os outros. Quanto maior for a altura, maior será a queda. Ensina São Paulo na Carta a Timóteo: Não te descuides do carisma que há em ti, que te foi dado mediante uma profecia acompanhada da imposição das mãos do presbitério. (1 Tm 2,14).
O mal é difusivo, contamina. Aprendi com um jornalista que é notícia aquilo que se quer esconder: o ganhador da Mega Sena, por exemplo. Assim, os pecados das pessoas têm mais espaço nos meios de comunicação que suas virtudes!
Volto a lembrar duas coisas que escrevi: amo a Igreja apesar dessas pessoas e não por causa das pessoas que estão na Igreja; aprendi a amar a Igreja para além daquelas pessoas que a representam.
Um bom católico reza pela conversão daqueles que provocaram ou que provocam escândalo com seu mau testemunho de vida. É também por isso que a Igreja nos propõe o exemplo e o modelo dos santos: não para serem adorados, como dizem pessoas não católicas, mas para que seus ensinamentos e exemplos possam nos fortalecer na fé, diante do mau exemplo de outros!
Que cresça em nossos corações o amor a Cristo, o amor à Igreja. Nesse amor, a iniciativa é de Cristo: Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi, para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca (Jo 15,16).
É divina a origem da Igreja. É divina a origem de nossa vocação batismal. É divina nossa pertença, a minha pertença à Igreja Católica!
Apesar de ser o que eu sou, Deus me escolheu com um amor de predileção para ser Dele, só Dele, todo Dele e ser, pelo Batismo que recebi, a presença viva de Jesus no mundo.
Deus tem a mim e a você para fazer a Igreja de Cristo sempre mais bela, iluminando a vida da humanidade.
O amor com que Cristo nos amou, a ponto de dar a Sua vida e de sofrer a morte na cruz por nós, só pode ter uma resposta de amor: dar a nossa vida, incondicionalmente, toda ela, sem reservas, por Cristo e pela Igreja, colocando à disposição do Senhor da Messe todos os dons e todos os carismas que recebemos, trabalhando com fé, com confiança e com esperança na missão que cada um recebeu, na família, na comunidade, na sociedade e na Igreja.
Amém!