Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba/MG
O comodista é a pessoa que deseja ficar na mediocridade, sempre no meio do caminho e na espera de que outro realize o que deveria ser sua tarefa. É aquele que coloca peso nas costas dos outros e não luta para vencer os obstáculos da vida. É pessoa sem esperança e mergulhada no desânimo. Para quem age dessa forma, não existe remédio e fica desencantado com o progresso pessoal.
Na chegada do fim de mais um ano litúrgico e o início de um novo, as forças precisam ser recuperadas e renovadas para construir o bem e o otimismo sem comodismo. Um caminho para isto, no dizer do Papa Francisco, está no seguimento de Jesus Cristo, onde cada indivíduo vai encontrar forças e vigor para construir um mundo mais saudável, superando todo tipo de mediocridade infrutífera.
Celebrar o Advento é despertar a consciência para o sentido do existir e do comprometimento, que envolve a causa do bem. Jesus nasce historicamente no Natal como luz para iluminar o caminho das pessoas e motivá-las para que coloquem em ação os dons naturais e cristãos, na espera de uma vida melhor. Essa prática e motivação têm sustentação na escuta e reflexão da Palavra de Deus.
Mudar de ano mais uma vez significa transformar as antigas realidades do dia a dia e ceder lugar aos novos tempos com atitudes de dinamismo e confiança, principalmente com abertura do coração para Deus e seus ensinamentos. Não ficar refém dos pensamentos derrotistas, porque é a chegada de novos tempos, de vida nova, de cura das feridas para proporcionar paz e segurança.
O propósito primeiro do nascimento de Jesus Cristo foi a restauração da justiça na terra. As injustiças, que não importa por quem são praticadas, causam muito desânimo e contribuem para as atitudes do comodismo e da mediocridade, porque desmotivam as pessoas para a vivência da esperança. Nesta situação, aproximar-se de Cristo é a via mais indicada para superar a baixa autoestima.
A liturgia de fim do ano litúrgico fala de catástrofes no sol, na lua e nos astros. Na terra não está sendo diferente com o aquecimento global, quando vemos queimadas, enchentes, tornados, vento de areia e poeira, que podemos interpretar como naturais, mas frutos de desgaste da criação. São sinais de que alguma coisa precisa ser restaurada com urgência, com ânimo e determinação.