Pe. José Ronaldo Oliveira
Pároco da Paróquia Santa Terezinha de Patrocínio/MG
O evento Pascal marca para nós uma renovação na fé cristã, pelas dimensões humanas que Jesus de Nazaré passou pela dor (sofrimento), entrega livre e consciente pelos nossos pecados. O Cristianismo surge deste evento histórico que sinaliza a nossa espiritualidade cristã.
O ser humano tem a necessidade de buscar um sentido para a vida. O sentido pode ser encontrado mesmo em meio ao sofrimento: “Se é que a vida tem sentido, também o sofrimento necessariamente o terá” (Frankl, 1946).
Todos nós, independentemente de qualquer pertença religiosa ou não, passaremos ou iremos passar pelo crivo do “sofrimento (dor), sentimento de culpa e morte, no qual nos apresenta as três dimensões humanas como uma tríade: “corpórea (dimensão biológica pode levar a pessoa a uma doença), psíquica (dimensão mental, levar a um estado depressivo) e noética (espiritual, a questionar sobre o sentido da vida), o ser humano apesar da unicidade, sendo múltiplo em seus aspectos”. (Frankl,1969).
É passando pela dor e sofrimento que daremos sentido à vida! Deus é maior do que os nossos sofrimentos, quem está com Ele, nunca está só! Somente Deus pode olhar a nossa condição humana com sabedoria e compaixão do nosso sofrimento. E sobreviver é encontrar Deus na dor e no amor.
A capacidade humana acima do transcender, do ir além e buscar Deus e descobrir numa adequada verdade orientadora da vida. Como é possível dizer sim a vida, apesar de todos os aspectos trágicos da nossa existência humana? Somente o otimismo, o pensar positivo poderá nos livrar das experiências trágicas do passado, da dor, do sofrimento, das perdas, do sentimento de culpa e da morte.
Cumpre salientarem-se as pessoas que experimentaram as perdas durante este período Pós Normal Pandemia; em que a ciência pediu distanciamento.
Será que a as pessoas queriam se distanciar daquele que estava isolado em um quarto ou hospital?
Nada possuímos, a nossa existência é nua e crua. O que podemos levar desta vida terrena? Às vezes sabemos que não temos nada a perder, a não ser uma vida nua e crua. Conscientizar de uma vida verdadeira é o que definirá o ser humano, como aquele que a tudo habitua-se e acostuma-se . E nem questionará o que dói: a apatia, a insensibilidade emocional, a perda dos sentimentos da pessoa, o esquecimento de tudo, os desleixos interior e a indiferença.
A dor física causada por sofrimentos e perdas pode ser o mais importante, não só para nós adultos, mas também para as crianças, jovens que as vivenciaram.
Mas a dor psicológica, da injustiça, ou da falta dela é o que mais dói em certos momentos. Mas de repente nos damos conta das perdas! Será que o amor tem pouco a ver com a existência física de uma pessoa? Sim, ele está ligado e conectado a dimensão espiritual, afetiva do seu ente querido! Assim, a sua presença poderá estar contigo, sem a presença física, independente do seu amor estar com a vida, põe um selo sobre o seu coração porque o ‘amor é mais forte do que a morte’ (Cântico dos Cânticos 8,6).
Aquele que passou pelas experiências e perdas na Covid-19, deverá interiorizar-se como recurso para escapar do seu vazio existencial, desolação, crise de fé . Resta temer somente uma coisa: o não ser digno(a) de sofrimento. A liberdade espiritual que transcende na busca Deus, permite fazer até o último suspiro que ninguém pode tirar de sua vida de modo que ela tenha sentido, ou possa dar um novo sentido existencial á partir do evento Pascal Cristão.
FRANKL, V. Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração. Petrópolis: Vozes: (1946/2008).