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Educar para valores e o sentido da vida: a questão do suicídio

24/09/2021   .    Artigos de Formação
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A construção de relações saudáveis em nossas vidas é algo essencial para que sejamos pessoas em constante diálogo e comprometidas com a vida de todos. Pensar neste aspecto, sempre observou a construção de uma sociedade que se compromete com todos e suas dores.

O mês de setembro é dedicado a Prevenção ao Suicídio! A campanha Setembro Amarelo é organizada pela ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o CFM – Conselho Federal de Medicina, desde 2014.

Diante de uma realidade de grandes desafios e constantes problemas, a pandemia do COVID-19, vivenciada pelo mundo inteiro, já fez milhares de vítimas. Não podemos menosprezar o número de mortos; são vidas humanas abreviadas pela COVID-19. Essa realidade é, acima de tudo, um caminho que exige cuidado, zelo ético pelos que mais sofrem.

É possível encontrar pesquisas que apontam que uma a cada 4 crianças e adolescentes teve sinais de ansiedade e depressão na pandemia (Fonte: Agência Câmara de Notícias). Essa realidade é complexa e ainda cara para a sociedade que trata a depressão como algo se importância e sem nenhum tipo de tratamento.

As frustrações com a vida, a falta de perspectiva, principalmente em tempos tão difíceis e desafiadores colaboram com o sentimento de não pertencimento, a pressão social pela perfeição e depois problemas, como a depressão. São muitos os fatores que podem explicar o aumento dos suicídios entre os adolescentes e jovens. Por isso é preciso compreender que são os vínculos sociais que dão força a cada um e cada uma.

A realidade da família na construção social atual é algo importante. Nossos avós, em grande parte, não tivera juventude: viveram a infância, logo começaram a trabalhar, sustentavam uma casa e com 20 anos, ou menos, já estavam se preparando para o casamento, principalmente pela precariedade econômica, além de uma formação familiar com um grande número de filhos.

Com o advento da modernidade e a transformação social na segunda metade do século XX, é possível observar a transformação familiar. A constituição familiar mudou, hoje é menor e, por diversas realidades menos convívio social e a escassez de vínculos solidificados em realidades concretas. De fato, nesta construção a solidão que pode comprometer adolescentes e jovens só se rompe em um lugar: a escola.

Para tanto, pensar nesta construção escolar, é preciso compreender as necessidades que adolescentes e jovens passam. Contudo, é preciso aproximar professores e alunos para que seja fecunda a interação e, acima de tudo, identificar sinais de alerta. Esta realidade é um caminho para esta construção, outra questão é a formação de todos na escola para poder assessorar adolescentes e jovens. Por isso é necessário uma interação entre pais, professores, gestores e estudantes para traçar metas e organizar ações preventivas, além de saber como acolher certos casos de depressão que podem levar o indivíduo ao suicídio. Ações de acolhimento e escuta dos alunos podem prevenir casos de depressão e extremos, como o suicídio.

Para compreender a construção desta realidade é importante ressaltar que a escola não pode se comprometer sozinha, nem agir sozinha em qualquer contexto vinculado ao suicídio. É necessário comprometer e conscientizar as famílias sobre a importância do tema e o zelo com a saúde de adolescentes e jovens.

Aqui retomo um tema que trata sobre a Educação Integral do Indivíduo e sua real importância para a construção de seres humanos, mais humanos. A Educação Integral deve ser assumida por todos e por todas, principalmente com o foco no processo formativo de crianças, jovens e adultos. Tudo isso deve ocorrer em uma grande sintonia para colaborar nos processos de aprendizagens que atuam dentro e fora da escola, nas casas e em todos os locais, colaborando assim na formação integral do ser humano.

Assim, a escola deve promover e oferecer uma educação integral que ajude crianças, adolescentes e jovens a identificar suas fragilidades, questões emocionais e, acima de tudo, conhecer a si e às realidades sociais inseridas. Com este cenário é urgente capacitar professores e gestores para colaborar na formação humana de cada indivíduo e que esses tenham condições de trabalhar suas emoções desde cedo e, se for o caso, identificar alguns sinais do seu corpo com relação à depressão e possíveis concepções suicidas.

Para tanto, é na adolescência que se estrutura a identidade e a real importância da convivência. É preciso se atentar para a percepção dos problemas apresentados. Mudanças bruscas de comportamento como: mau humor, alterações de sono e agressão verbal, são alguns dos sintomas que devem alertar nossa questão para seguir em frente.

É preciso ser coerente e não culpar a pandemia pelos problemas de depressão e suicídio entre adolescentes e jovens. A saúde mental dos cada membro da sociedade já estava em declínio antes da pandemia. A pandemia comprometeu as relações humanas. Diante do isolamento social e o fechamento das escolas dando maior abertura para as aulas on-line. Neste contexto as crianças perderam as interações com os demais colegas.

Com esta realidade e as grandes transformações trazidas pela pandemia, agravou os sintomas de depressão. A quebra de rotinas já consolidadas na vida de cada indivíduo comprometeu o bem-estar, principalmente por conta da ausência de convívio social, tão importante para o desenvolvimento social dos indivíduos.

Por isso, a proposta de uma educação integral que zele pelo bem dos indivíduos é “é um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história”, como afirma o Papa Francisco ao lançar o Pacto Educativo Global, propondo ao mundo todo uma aliança em prol de uma educação inclusiva e atenta aos problemas atuais.

E ele continua ao afirmar que a construção de nova realidade educacional mais amorosa e comprometida: “A educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista.”

Por fim, pensar em uma abordagem integral dos indivíduos na escola e a preocupação com os problemas relacionados ao suicídio. Para tanto, a Educação Integral é aquela que entende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural, além de governos e lideres promoverem uma educação de qualidade para todos. Mas não somente isso, também deve promover e construir uma sociedade comunicativa e, de forma coletiva, dialogar com todas as faixas etárias além de corroborar com a comunidade local.

Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves – Professor e Teólogo

Fonte: Vatican News
Imagem capa: Pixabay

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