Dom Francisco Lucena
Bispo de Nazaré (PE)
Agosto é o mês que a Igreja no Brasil escolheu para refletirmos sobre as vocações. Nele celebramos as diferentes vocações. Nenhuma vocação nasce por si e nem vive para si. A vocação indica o chamado de Deus, como iniciativa própria de amor, e a resposta da pessoa, em um diálogo de amor e participação corresponsável. É o chamado à vida com Cristo na Igreja. É da livre ação de Deus e incentivada pelo testemunho de pessoas generosas, alegres, sinceras, autênticas, verdadeiras; pessoas que já deram o seu “sim” ao Senhor nas mais diferentes vocações. Não foram surdas, não se opuseram e confiaram no chamado do Senhor.
Deus vê o coração de cada um. Não é uma interferência de Deus na liberdade de ninguém, mas uma iniciativa amorosa convidando ao seu projeto, do qual quer que todos sejam participantes. Pessoas que testemunhem uma amizade profunda e constante com Cristo através do diálogo pela oração (“vinde e vede”, “permanecei comigo”); um dom total de si mesmo a Deus, de onde vem a capacidade da entrega total e incondicional, completa, contínua e fiel (“quem quiser me seguir”); uma vida de comunhão com os irmãos e irmãs de caminhada (“que todos sejam um”, “vede como se amam”).
A chave de toda vocação é perceber que Deus tem um plano para cada um e cada uma. Pois ao ser chamado a segui-Lo, é necessário responder com generosidade e amor a este chamado. É sentir-se atraído por Deus! Em meio a tantos caminhos e possibilidades, Deus, na riqueza de seu amor por nós, nos chama à felicidade plena e nos oferece os meios para que possamos atingi-la. Ninguém deve ficar parado, de braços cruzados, esperando algo acontecer, mas seguir Jesus no caminho por Ele preparado. É preciso deixar-se envolver totalmente pelo projeto de Deus. Não há maior alegria do que arriscar a vida pelo Senhor.
A cada época encontramos características próprias nas vocações; e quando temos abertura para a ação do Espírito Santo sabemos valorizar a diversidade em cada situação histórica. As vocações específicas são a resposta que o Espírito Santo dá às necessidades da Igreja, constituindo os elementos fundamentais de sua vida e da sua missão. A escolha da vocação deve vir do diálogo com o Senhor, qualquer que seja a vocação. E é certo que a vocação nunca é somente “minha”, mas é sempre “para e com os outros”.
Não esquecer Maria, modelo de toda vocação, que convida todos e todas a um “sim” sincero. Imitar o seu exemplo, cultivando no coração a capacidade de maravilhar-se com o projeto de Deus na vida e de ser dócil aos seus apelos. Pois o “sim” de Maria é de quem quer comprometer-se e arriscar-se, de quem quer apostar tudo, que confia sem exigir nenhuma garantia ou algo em troca. Maria teve, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não foram motivo para dizer “não”. E neste “Ano de São José”, guardião das vocações, que ele acompanhe todas as vocações com o coração de pai.