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A inteligência artificial, luz para evangelização

27/05/2022   .    Artigos de Formação
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Dom Edson José Oriolo dos Santos
Bispo Diocesano de Leopoldina – MG

A cultura, especialmente a contemporânea, cuja complexidade está na interligação de muitos fatores, influencia a missão daqueles que se dedicam a evangelização. O Papa Francisco afirma: “Há uma necessidade imperiosa de evangelizar as culturas para inculturar o evangelho” (EG, n. 69).

E o próprio Concílio Vaticano II, no decreto Ad Gentes, oferece as bases para este processo de inculturação: “o movimento que levou o próprio Cristo, na sua encarnação, a sujeitar-se a certas condições sociais e culturais dos homens com os quais conviveu” (n.10). O mistério da encarnação é o paradigma para a Igreja, cuja razão de ser é evangelizar, é ser missionária.

Ciente de anunciar as belezas da bondade divina, a Igreja está consciente de que, atualmente, tudo evolui muito rápido e não se pode perder tempo e oportunidade para evangelizar. Precisamos ser rápidos em falar “com” e “de” Deus, conduzindo as pessoas no caminho da santidade. Nesse sentido, criamos uma consciência ou melhor, uma inteligência cultural.

No entanto, para sermos rápidos, ágeis, visionários, proativos, compreensivos e acompanhar o processo de inculturação precisamos da tecnologia para produzir melhores resultados. Além da inteligência cultural, caminhamos para inteligência artificial.

Se a inteligência artificial é um desafio para empresários e, principalmente, gestores que estão buscando produtividade em todos os setores, também o é para a Igreja. A inteligência artificial faz com que os dispositivos criados pelo homem possam desempenhar funções sem a interferência humana.

A inteligência artificial já é uma realidade no nosso cotidiano. Quando usamos o celular com centenas de recursos somos impactados com a inteligência artificial que nos apresenta mensagens onde estamos e opções para buscarmos o que queremos. A inteligência artificial está no carro, quando usamos aplicativos para navegar e deslocar.
São milhares de aplicativos para solucionar inúmeros desafios em todas as dimensões, graças à inteligência artificial. Isso tudo nada mais é do que transferir o nosso aspecto cognitivo para um software, otimizando os nossos processos.

A inteligência artificial, com apoio dos algoritmos, está favorecendo uma vida melhor e mudando o nosso modo de ser, pensar e agir. O papa Francisco, em seu discurso na Assembleia Plenária da Pontifícia Academia para a Vida, em 28 de fevereiro de 2020, ressaltou que “as decisões, mesmo as mais importantes, como as dasáreas médicas, econômicas ou sociais, são hoje o resultado da vontade humana e de uma série de contribuições algorítmicas” e alertou sobre os “graves perigos” para as sociedades, pois, dos canais digitais disseminados na internet, os algoritmos extraem dados que permitem controlar hábitos mentais e relacionais, para fins comerciais ou políticos, geralmente sem o nosso conhecimento”. E, continuou, “esses perigos não devem esconder o grande potencial que as novas tecnologias nos oferecem” e incentiva “a deixar-se desafiar pela palavra e tradição da fé para que nos ajudem a interpretar os fenômenos do mundo, identificando formas de humanização e, portanto, de evangelização amorosa”.

No entanto, a inteligência artificial, tendo como alicerce a inteligência humana na execução de tarefas, está aprimorando nossos expedientes racionais na coleta de dados sobre a realidade e como vivenciar nesse mundo com tantos desafios. Essas descobertas não pretendem substituir seres humanos, mas melhorar as nossas habilidades e contribuir para que a realidade seja melhor. Necessitamos de dados, informações, orientações para que tenhamos uma vida melhor.

Destarte, a inteligência artificial vai nos ajudar no conhecimento e aprofundamento dos grandes desafios que se apresentam à Igreja para o cumprimento de sua missão, visão e valores em relação ao mundo. Vai garantir meios e abrir horizontes para lançar as sementes do Verbo.

Nesse sentido, Bergoglio enfatizou que “não basta educar simplesmente ao uso correto das novas tecnologias, mas é necessária uma ação educacional mais ampla e acrescentou que “devem amadurecer motivações fortes a fim de perseverar na busca do bem comum”.

Vamos usufruir dessa luz para que nossas comunidades paroquiais e eclesiais sejam realmente missionárias, fazendo com que o Evangelho ilumine os diversos cenários culturais contemporâneos.

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