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Reflexões sobre os Ritos da Santa Missa

11/03/2022   .    Artigos de Formação
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Pe. José Antônio Ramos
Paróquia Santa Cruz de Guarda dos Ferreiros/MG

Rito Iniciais

A missa é a celebração mais importante dos cristãos e participar da missa aos domingos é um dos cinco mandamentos da Igreja. A Eucaristia é remédio que cura nossas fraquezas, nos previne do mal e alimenta a nossa fé. Jesus celebrou a Páscoa com os discípulos e pediu que eles fizessem isso em memória d’Ele (cf. Lc 22ss). Na carta aos Coríntios temos uma representação histórica desse fato determinante na vida dos cristãos (cf. 1Cor 11,23-25). Todo o capítulo 11 da 1ª dessa carta é uma catequese de Paulo sobre como devemos nos comportar em relação à Eucaristia.

Vale a pena conferir esse belo texto

A Palavra Eucaristia vem do Grego, ευχαριστία, que significa ‘Ação de Graças’. Assim, celebrar a Eucaristia é dar graças a Deus por tudo que somos e temos. Devíamos pensar que simplesmente pelo fato de acordarmos com vida, temos todos os dias motivos para agradecer a Deus.

Quem participa da Eucaristia com Devoção e com o coração preparado, ou seja, livre de pecado mortal, alimenta a vida eterna recebida no batismo. Assim como precisamos do alimento para sustentar o nosso corpo, precisamos da Eucaristia pra sustentar a nossa Fé. A Eucaristia pode ser recebida até duas vezes por dia. Portanto, não podemos perder a oportunidade de participar desse sacramento, sempre que pudermos.

Assim como uma planta não pode nascer em um terreno ruim, a graça de Deus não produz fruto em um coração frio e duro. Colocar Deus em primeiro lugar em nossa vida, praticar a caridade, rezar com frequência e, principalmente, não faltar à santa missa é essencial para quem quer participar do banquete eterno no Céu.

A missa possui quatro partes, sendo as duas mais importantes a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. A liturgia da palavra é precedida pelos ritos iniciais: entrada, saudação, ato penitencial, Glória e oração. A liturgia eucarística precede os ritos finais: a bênção final e a despedida.

Ritos iniciais:

Canto de entrada

A finalidade desse cântico é dar início à celebração e favorecer a união dos fiéis reunidos. Estamos não só reunidos, mas unidos como irmãos. A procissão da equipe litúrgica  com o padre, ministros e coroinhas  lembra o povo de Deus a caminho do Reino do Céu. Por isso, é importante que todos mantenham atentos e cantem juntos com a equipe de canto, prestando atenção na letra do canto.

Saudação do altar e da assembleia

Quando chega ao presbitério, à frente do altar, o sacerdote, o diácono, os ministros e coroinhas saúdam o altar com uma inclinação profunda. Depois o sacerdote beija o altar em sinal de veneração. Esse é um gesto muito bonito, pois o beijo é o gesto mais carinhoso para expressar nosso afeto e amor.

Ao terminar o cântico de entrada, o sacerdote faz o sinal da cruz sobre si, juntamente com a assembleia. Todos estão reunidos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Antes de todas as celebrações cristãs usa-se esse sinal. É a marca do cristão. É importante fazer esse sinal em vários momentos do nosso dia para que toda a nossa vida esteja nas mãos de Deus.

Depois do sinal da cruz o padre saúda a comunidade com uma saudação que evoca a presença de Jesus. Existem várias formas. Uma delas diz: “a graça de nosso senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo esteja convosco”. São Paulo saudava suas comunidades assim também. Como é bonito cumprimentar as pessoas, desejar um ‘bom dia’, um ‘seja bem-vindo’. Essa é a saudação do padre, ministro de Cristo, ao povo.

Ato penitencial

Esse é um momento oportuno para lembrarmos do que precisamos esforçar para mudar em nossa vida. É importante que realmente façamos o exame de consciência com. Se necessário, o faça diariamente  anotando-o  durante a semana para que na missa esteja com tudo bem fresco na mente. Ele evoca o arrependimento, mas não tem o caráter da confissão. A absolvição que é dada no fim do rito não tem a eficácia do sacramento da penitência, mas serve como preparação do nosso espírito para participar do mistério da Eucaristia.

Glória

O Glória é um antiquíssimo e venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. É sempre a mesma letra, com poucas variações. É importante que todos cantem, pois temos muitos motivos para louvar a Deus. Não deixe somente o coral sustentado o canto, procure cantar junto.

Oração coleta

É quando o padre diz ‘oremos’, seguido de um momento de silêncio. É o momento de todos colocarem suas intenções pessoais para a missa. Pode ser um louvor, uma ação de graças, ou um pedido, para si ou para outras pessoas. Com certeza temos muito o que louvar, agradecer e pedir a Deus. Assim finaliza os ritos iniciais da missa.

Rito da palavra

O Rito da Palavra compõe as leituras, o salmo e o evangelho, a homilia, a profissão de fé e a oração universal ou preces.

As leituras e o evangelho

A palavra de Deus tem muita importância na vida do cristão. No documento do Concilio Vaticano II sobre a Palavra de Deus, a Dei Verbum, lemos: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como o próprio Corpo do Senhor; não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida quer da mesa da palavra de Deus, quer da mesa do Corpo de Cristo” (DV n.21). Assim, este é um momento que exige muita atenção dos fiéis, pois “quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, é Deus que fala ao seu povo”. (Instrução Geral ao Missal Romano n. 9). Deus fala com quem estiver atento, pronto a ouvir. A atitude de escuta do jovem Samuel quando Deus lhe chamou (cf. 1 Sm 3,1-21) ilustra bem essa ideia. Samuel respondeu prontamente ao chamado de Deus, que lhe confiou uma mensagem importante para o povo de Deus. Também todo cristão, ao ouvir a palavra de Deus na missa, se torna portador da mensagem que Deus lhe confiou e deve transmitir às pessoas que encontrará no dia a dia.

A homilia ou reflexão

A palavra de Deus é para ser escutada e vivida. Por isso, após as leituras, o salmo e a proclamação do evangelho, o bispo, o padre, ou o diácono explica a palavra proclamada. O Ministro de Deus fala pela ação do Espírito Santo. Jesus disse aos discípulos: “Quem vos ouve a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16).

A homilia tem como objetivo atualizar a Palavra de Deus na vida dos fiéis. Sendo assim, é muito importante que o ministro esteja bem preparado, fundamentado na Escritura e na doutrina da Igreja, mas também é importante que os fiéis estejam com o coração aberto para acolher a suas palavras. Que todos estejam atentos à voz do Espírito Santo!

Profissão de fé

Ao terminar a homilia o padre convida o povo a rezar a Profissão de Fé (o Credo). Este é um resumo das definições doutrinais da fé católica. A primeira parte do Catecismo da Igreja Católica (CIC) se dedica a explicar de forma simples cada dogma de fé contido no Credo. Ao rezar o Credo os fiéis fazem seu assentimento de fé nessas verdades, ou seja, eles confessam com seus lábios que acreditam no que a Igreja os apresenta como dogmas ou verdades de fé.

Oração Universal

Com a oração universal ou preces se conclui o Rito da Palavra. Nessa oração o povo de Deus reunido suplica a Deus por todos os homens. Ela é feita de forma mais completa na sexta-feira santa. A orientação da Igreja é que em toda missa elas contemplem as necessidades da Igreja, as autoridades públicas, os doentes, a paz e a salvação do mundo inteiro e as necessidades da comunidade local. Todos os fiéis participem desse momento respondendo a cada prece com muita fé.

Rito Sacramental

Junto com o rito da palavra, este é o rito mais importante da missa e se compõe do ofertório, a oração eucarística e a comunhão.

Ofertório

No ofertório oferecemos a Deus os nossos dons, por meio do pão e do vinho e também das doações em dinheiro. É importante que todos doem sua oferta de coração e acompanhem o canto do ofertório com devoção. Durante o canto o sacerdote prepara o altar e faz algumas orações. Elevando a hóstia grande ele reza: “Bendito sejais Senhor Deus do universo pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e que para nós vai se tornar pão da vida”. Sobre a água e o vinho reza: “ Que pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade do Vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.

Depois de misturar uma gota de água no vinho, reza elevando o cálice com vinho: “Bendito sejais Senhor Deus do universo pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e que para nós vai se tornar vinho da salvação”. Em seguida ele reza sobre o pão e vinho oferecidos: “De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por Vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido, que vos agrade, Senhor, nosso Deus”. Por fim, reza enquanto lava as mãos, num gesto de purificação interior: “lavai-me Senhor das minhas faltas e purificai-me de meus pecados”.

A seguir o sacerdote convida a assembleia a unir as suas orações às dele dizendo: “Orai irmãos e irmãs(…)” Ao que o povo responde: “receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício…” Em seguida, o sacerdote reza a oração sobre o ofertório.

Oração Eucarística

A Oração Eucarística é o ponto culminante da missa. A instrução Geral do Missal Romano diz: “A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e na ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembleia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício” (IGMR n.54). Essa oração pode ser dividida em várias partes:

a) O prefácio é a introdução da oração. Consta de uma ação de graças a Deus por toda obra da salvação.

b) O Santo é a aclamação de toda assembleia a Deus, reconhecendo a sua imensa glória proclamada na ação de graças rezada no prefácio.

c) A Epiclese é o momento da invocação do Espírito Santo sobre as oferendas. O sacerdote estende as mãos sobre as ofertas e diz: “santificai, pois, essas oferendas, derramando sobre elas o Vosso Espírito Santo.”

d) A narração da instituição e consagração é o momento chave da oração. O sacerdote narra a última ceia de Jesus com os discípulos e faz as vezes de Jesus dizendo “… Tomai e Comei, isto é o meu corpo (…) Tomai e bebei, isto é o meu sangue…”. E termina com a aclamação: ‘Eis o mistério da fé’. E o povo responde: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

e) A anamnese significa memória, lembrança, da morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos céus. É por meio da fé neste mistério que os cristãos serão salvos.

f) Preces e intercessões são dirigidas a Deus pela unidade da Igreja presente, ou seja, os fiéis daquela comunidade reunida, e pela Igreja no mundo inteiro; reza-se também pelo papa, pelos bispos e todos os ministros da Igreja. Depois pede pelos falecidos e por todos os fiéis presentes, para que tenham a graça de participar da vida eterna.

g) Na doxologia final o sacerdote louva e glorifica a Deus com as palavras “por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós Deus Pai todo poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre’’, ao que o povo responde: ‘Amém’, concordando com as palavras do sacerdote.

Rito da Comunhão e Ritos Finais

O Pai Nosso

Depois de celebrado o mistério da Eucaristia na Oração Eucarística, a oração do Pai Nosso une os cristãos em um só coração. Todos, reconciliados e comprometidos com a fraternidade, rezam a oração que Jesus nos ensinou. Cada frase dessa oração tem um significado espiritual. Dirigimos a Deus como a um pai amoroso, para reconhecer sua grandeza e pedir-lhe  várias coisas. Há uma reflexão bem detalhada do sentido de cada frase do Pai Nosso na quarta parte do Catecismo da Igreja Católica.

Aqui é oportuna uma observação: dentro da missa não dizemos ‘amém’ no final do Pai Nosso, pois a oração continua com o embolismo, ou seja, quando o sacerdote diz “livrai-nos de todos os males ó pai…” E que ao fim o povo responde: pois vosso é o reino o poder e a gloria para sempre. E em seguida já começa a oração pela paz.

A Oração pela Paz

Apenas o sacerdote reza essa oração. A paz que pedimos não é apenas a ausência de

conflitos. No Hebraico, ‘Shalon’, significa plenitude de vida. Pedimos a paz para os presentes e para todas as pessoas do mundo inteiro. Importante: a saudação da paz após a oração é um gesto simbólico e, portanto, não há necessidade de sair do local para cumprimentar um parente ou amigo que está em outro lado da igreja. Nas pessoas próximas cumprimentamos a todos os irmãos e irmãs.

A Fração do Pão

Enquanto a assembleia canta o Cordeiro o padre mergulha um pedaço da Hóstia Santa no Cálice Sagrado, representando a presença de Cristo inteiro nas duas espécies. Neste momento ele reza: “Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor nosso, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna.”; e depois reza: “Senhor Jesus Cristo, o vosso Corpo e o vosso Sangue, que vou receber, não se tornem causa de juízo e condenação; mas, por vossa bondade, sejam sustento e remédio para minha vida.”

 Depois ajoelha adorando

Jesus outra vez antes de comungar. O canto do Cordeiro lembra mais uma vez a nossa pequenez diante de Deus. Repete-se algumas vezes tende piedade de nós… e termina com Dai-nos a Paz. Ao terminar o Cordeiro e apresentar a Hóstia Santa ao povo, o padre reza em silêncio: “Que o corpo e sangue de Cristo me guarde para a vida eterna”. Importante: com a união de Jesus no corpo e sangue ao mergulhar a Hóstia no Cálice, os fiéis comungam de forma perfeita o Cristo inteiro somente em uma das espécies.

A Comunhão

Esse é um momento de extrema importância. Todos os que estão preparados entram na procissão da comunhão e recebem Jesus na Eucaristia. Importante lembrar que devem estar preparados, ou seja, não ter pecado grave, senão comungará sua própria condenação (cf. 1Cor 11,27-29). É preciso receber Jesus com devoção, fazendo como que um trono com as mãos, colocando a mão esquerda por cima da direita ou o contrário no caso de canhotos, e ao comungar, verificar bem se não ficou algum fragmento na mão. Fazer um momento de silêncio e adoração após comungar.

 Oração após a Comunhão

Nesta oração o sacerdote reza pedindo a Deus que este mistério celebrado dê frutos na sua vida e da comunidade. Assim conclui a oração Eucarística.

Ritos Finais

“O rito de encerramento da Missa consta … da saudação do sacerdote, a bênção … e a própria despedida, em que se despede a assembleia, afim de que todos voltem às suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras” (IGMR 57). Na Idade Média se dizia em Latim: it missa est, que significa “Ide, o envio está feito”, ou, literalmente, “Ide, foi enviada”. Terminou a missa, mas continua a missão. É necessário esperar o sacerdote dar o beijo de despedida no altar e sair até à sacristia para que os fiéis possam sair da Igreja.

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