Carta Oficial: Orientações Litúrgicas: SEMANA SANTA 2021
Considerando as restrições que nos exigem as orientações sanitárias, devido às novas variantes da COVID-19 no Brasil, no Estado de Minas e em nossa região, para preservar a saúde e a vida de nosso povo, e que “o Bispo, enquanto moderador da vida litúrgica na sua Igreja, é chamado a tomar decisões prudentes para que as celebrações litúrgicas se possa desenrolar com fruto para o povo de Deus e para o bem das almas que lhe estão confiadas, no respeito pela salvaguarda da saúde e de quanto prescrito pelas autoridades responsáveis pelo bem comum” (Nota da Congregação para o Culto Divino, Prot. n. 96/21), oferecemos as seguintes orientações para as celebrações da Semana Santa neste ano de 2021, levando em consideração, ainda, as indicações da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB.
Durante a Semana Santa, onde for possível, as Igrejas permaneçam abertas de acordo com os protocolos sanitários locais, para a oração pessoal. Não se deve favorecer a aglomeração dos fiéis. Os que não puderem participar das celebrações presenciais (por causa da restrição do número de participantes permitidos) sejam incentivados a permanecer em oração, em suas casas, assistindo as missas e outras funções litúrgicas transmitidas pelos meios de comunicação (rádios, TVs, redes sociais), de modo especial pelas mídias sociais da própria Paróquia.
Dado que a data do Tríduo Pascal não pode ser transferida, celebraremos os ritos da Semana Santa, a Semana Maior, pelo segundo ano consecutivo, no contexto da pandemia da COVID-19. Essas circunstâncias nos impelem a celebrá-la da melhor maneira possível, lembrando-nos de tantos irmãos, que impossibilitados de participarem desses dias das celebrações, nos acompanharão em espírito de comunhão através da oração e, também, dos meios de comunicação. Por isso orientamos os Párocos e Administradores paroquiais que divulguem os horários das celebrações para que um número sempre maior de fiéis possa participar das orações no recolhimento da “igreja doméstica”.
Assim, apresentamos as seguintes orientações:
PROCISSÕES
1. Previstas sempre em nossas programações da Semana Santa, deverão ser evitadas, pelo risco da aglomeração de fiéis e, em consequência, não possibilitar possíveis riscos à saúde pública.
2. Também, em vista disso, a realização de atos de devoções populares, comum desse tempo (Ex.: Via-Sacra, Sermão das Sete Palavras e outras atividades), de preferência sejam omitidas ou celebradas sem a participação do povo e apenas transmitidos pelos meios de comunicação sociais.
3. Aconselhamos ainda que não sejam feitas carreatas neste tempo, levando em conta a nova cepa da COVID-19 e as orientações para que não haja aglomerações, e para que não motivemos as pessoas a saírem de suas casas.
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
4. Neste sentido, o Memorial da Entrada do Senhor em Jerusalém seja comemorado dentro do espaço sagrado, com a bênção geral dos ramos, sem aspersão e sem procissão.
5. Na Catedral Santo Antônio, em Patos de Minas, conforme a nota emitida no dia 19 de março, permitindo as celebrações presenciais de fiéis, seja adotada a segunda forma prevista pelo Missal Romano, dentro das Igrejas, respeitando-se as orientações sanitárias e o percentual da capacidade do número de participantes.
6. Embora não tenha a procissão dos ramos se faça a leitura do Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém. A proclamação da Paixão do Senhor (fazer uso do texto abreviado) é prevista em todas as celebrações paroquiais deste dia.
7. Os fiéis que eventualmente estiverem autorizados a participar presencialmente, sejam orientados a trazerem seus próprios ramos de casa. Não se faça distribuição de ramos no local da celebração.
MISSA DO CRISMA E A RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS SACERDOTAIS
8. Considerando que “o bispo, concelebrando com o seu presbitério, consagra o santo Crisma e benze os outros óleos, é uma manifestação da comunhão dos presbíteros com o próprio bispo, o único e mesmo sacerdócio e ministério de Cristo. […] Visto que são os seus cooperadores e conselheiros no ministério cotidiano” (PASCHALIS SOLLEMNITATIS, n. 35), sendo sinal de comunhão eclesial e para que também o povo possa participar, terá a presença de um representante de leigo de cada Paróquia. Esta celebração será realizada na quinta-feira Santa às 09h00, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Patos de Minas, e transmitida pelas redes sociais da Diocese. Os óleos serão entregues aos párocos no final da celebração, no salão paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário.
MISSA VESPERTINA DE CEIA DO SENHOR
9. Neste dia, os padres celebrem a Missa com a participação do povo, se for permitido pelos Comitês da Covid-19 de cada Município, respeitando todos os protocolos exigidos pela saúde pública. Omite-se o Rito do lava-pés e não deve ser substituído por nenhuma outra iniciativa, ideia ou representação que possa ferir o valor simbólico-sacramental deste gesto ritual.
10. No final da Missa na Ceia do Senhor, após a oração depois da comunhão, omita-se também a Transladação do Santíssimo Sacramento. O Santíssimo Sacramento é mantido no Tabernáculo (sacrário) como de costume. Após a reposição do Santíssimo Sacramento no sacrário, feita pelo diácono ou pelo próprio sacerdote, julgando-se oportuno, pode-se seguir um breve momento de adoração em Vigília Eucarística individual, sem solenidades. Nesse caso “não se pode fazer a exposição com o ostensório” (PASCHALIS SOLLEMNITATIS, n. 55). O momento de adoração seja breve para se evitar a permanência dos fiéis dentro das Igrejas por muito tempo. A pessoa responsável pelo canto poderá entoar o canto “Tão Sublime Sacramento”.
11. Nas Igrejas onde o Sacrário se encontra em uma capela lateral, o sacerdote e o diácono, caso esteja presente, leva o Santíssimo Sacramento para o tabernáculo e lá se encerra a celebração seguindo o que está indicado no número anterior (10).
12. Retiram-se as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da Igreja. Convém velar as que não possam ser retiradas. A não ser que tenham sido veladas no sábado do quinto domingo da Quaresma.
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
AÇÃO LITÚRGICA SOLENE
13. Na tarde da sexta-feira, pelas três horas, procede-se à celebração da Paixão do Senhor, que consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da Cruz (limitada somente ao celebrante e que apresentará a cruz para o povo fazer um momento de adoração em silêncio do lugar em que se encontram na igreja) e comunhão eucarística.
14. Considerando a rubrica n. 12 do Missal Romano (p. 255) o bispo pode autorizar ou determinar uma intenção particular. Levando em consideração o momento em que vivemos no mundo inteiro, repropomos a oração a ser novamente acrescentada, na Oração Universal, como intenção especial pelos doentes, pelos cuidadores, pelos falecidos e pelos que sofreram alguma perda durante a pandemia, conforme sugestão abaixo. Essa intenção deve ser incluída antes da décima, tornando-se, deste modo, a penúltima, pois a última será rezada “Por todos os que sofrem provações”:
IX. Pelos poderes públicos……….
X. Pelos que padecem a pandemia da Covid-19
Oremos ao Deus da vida, salvação do seu povo, para que sejam: consolados os que sofrem com a doença e a morte, provocadas pela pandemia do novo corona-vírus; fortalecidos os que heroicamente têm cuidado dos enfermos; e inspirados os que dedicam à pesquisa da cura.Reza-se em silêncio. Depois o sacerdote diz:
PR.: Ó Deus, nosso refúgio nas dificuldades, força na fraqueza e consolo nas lágrimas, compadecei-vos do vosso povo que padece sob a pandemia; aliviai a dor de quem sofre, dai força a quem está a seu lado, acolhei na vossa paz os que já pereceram e fazei que todos encontrem finalmente alívio na vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor.
ASS.: Amém.XI. Por todos os que sofrem provações…….
15. Terminada a oração universal, faz-se a solene adoração da Santa Cruz, onde não tiver participação dos fiéis, utiliza-se a primeira forma por razões, pastorais (cf. Missal Romano, p. 260). Nas cidades onde for permitida a presença dos fiéis pode se utilizar a segunda forma de apresentação da Santa Cruz, neste caso a cruz não é coberta por um véu como na primeira forma.
16. A Cruz velada é levada ao altar, acompanhada por dois ministros com velas acesas. O sacerdote, de pé diante do altar, recebe a Cruz. Os ministros que levam as velas nos castiçais se posicionam afastado do sacerdote pelo menos a um metro e meio de distância. Se prossegue o rito conforme o Missal Romano (p. 260).
17. Depois do desvelamento da Cruz o sacerdote a entrega ao diácono ou a outro ministro, ou é colocada em algum suporte próprio. Em seguida, o ato de adoração na Cruz através do beijo é limitado apenas ao presidente da celebração.
18. Durante o beijo à cruz, feito unicamente pelo presidente da celebração, canta-se a antífona: Adoramos, Senhor, vosso madeiro, os lamentos do Senhor.ou outro canto apropriado. Os fiéis poderão fazer uma genuflexão simples ou outro gesto apropriado, a partir dos seus lugares, evitando a utilização do beijo ou qualquer outro contado físico: “o sacerdote toma a cruz e, de pé diante do Altar, convida o povo em breves palavras a adorá-la em silêncio, mantendo-a erguida por um momento” (MISSAL ROMANO, Sexta-feira da Paixão do Senhor, n. 19).
19. Os Párocos ou Administradores paroquiais, através dos meios de comunicação ou redes sociais, avisem com antecedência aos fiéis para providenciarem um crucifixo ou uma Cruz, a fim de que no momento da adoração da Cruz, cada família também faça a adoração da Santa Cruz na própria casa.
SÁBADO SANTO
20. Dia de recolhimento. “Durante o Sábado Santo, a Igreja permanece junto do Sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos (1Pd 3,19), esperando na oração e no jejum a sua ressurreição” (PASCHALIS SOLLEMNITATIS, N. 73). Ajudarão a bem viver esse dia: oração do Ofício Divino, uma celebração da Palavra em família (conforme subsídio “Igreja em Oração” – Abril 2021, pág. 44) ou outra oração de piedade popular, por exemplo, a meditação das Sete Dores de Nossa Senhora ou a Via-sacra.
VIGÍLIA PASCAL
21. Na Catedral Santo Antônio de Patos de Minas, e nas cidades onde for permitida a presença de fiéis, a bênção do fogo poderá ser feita no Átrio ou porta de entrada da Igreja, usando tocha ou gravetos numa pequena bacia de metal ou clareira, apenas com a presença do presidente da celebração e dos auxiliares. Os fiéis que estiverem presentes na celebração, permanecerão nos seus lugares, evitando deslocamentos durante o rito. Após acender o Círio Pascal, imediatamente, acendem-se as velas das pessoas que estarão em seus lugares.
22. O Diácono ou, na falta dele, o sacerdote, faz a Proclamação da Páscoa, ou seja, canta o Exultet (Precónio Pascal). Caso esta proclamação seja feita por um leigo será importante observar as orientações do Missal Romano (cf. p. 273-274, n. 17).
23. De acordo com as rubricas do Missal Romano, por razões pastorais, pede-se para diminuir o número de leituras. Mas devem-se ler ao menos três do Antigo Testamento ou, em casos mais urgentes, duas antes da Epístola e do Evangelho. A leitura do Êxodo, cap. 14,15 – 15.1 nunca pode ser omitida. Neste caso, sugerimos a proclamação do número reduzido dos textos bíblicos para se evitar o prolongamento da celebração.
24. Após a oração e a responsório da última leitura do Antigo Testamento, acendem-se as velas do altar e o sacerdote entoa o hino do Glória a Deus nas alturas, que todos cantam, enquanto se tocam os sinos, segundo o costume do lugar. Terminado o hino, o sacerdote diz a oração do dia como de costume (cf. MISSAL ROMANO, p. 282, n. 32).
25. O leitor proclama a Epístola: Rm 6,3-11. Terminada a Epístola o sacerdote ou o salmista entoa o Aleluia. No momento do Evangelho não se levam as velas, mas só o incenso, quando se usar (cf. MISSAL ROMANO, p. 283, n. 35). Após o Evangelho, faz-se a homilia.
26. Para a Liturgia Batismal (terceira parte da Solene Vigília Pascal), como não haverá Batismo nem a bênção da água batismal, realiza-se apenas a bênção da água para a aspersão, e em seguida, faz-se a Renovação das Promessas Batismais (cf. MISSAL ROMANO, p. 288, n. 46).
27. Os Párocos e Administradores paroquiais poderiam sugerir aos fiéis que providenciem, com antecedência, uma vela que seria acesa no momento da Renovação das Promessas Batismais.
28. A missa segue como de costume com a Oração da Comunidade (cf. MISSAL ROMANO, p. 290, n. 50-56).
DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
29. Celebre-se conforme as rubricas do Missal Romano, observando-se tudo o que foi determinado, por causa da situação da pandemia.
ORIENTAÇÕES GERAIS
30. As celebrações litúrgicas, em razão da necessidade de serem mais breves, poderão ser executadas na forma mais simples. Para tal prefiram-se, de acordo com as normas litúrgicas, as leituras e ritos mais breves, sem enfraquecer aquilo que é próprio do rito de cada celebração. Atente-se também a respeito das homilias, para que não sejam excessivamente longas.
31. Em relação às celebrações penitenciais com absolvição geral seja aplicada só em caso excepcional. De preferência os padres ofereçam a oportunidade para a confissão individual, mesmo que possa ser cansativo, mas será muito mais confortante para os fiéis. Em todos os casos pode-se orientar os fiéis para fazerem a contrição perfeita como forma já aprovada pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Prot. n. 96/21).
32. Estas orientações deverão também ser seguidas pelo Seminário Maior Dom José André Coimbra, bem como pelo Seminário Menor Mons. Josias Tolentino, e pelas comunidades religiosas.
33. As coletas da Solidariedade (28 de março) e para os Lugares Santos (02 de abril) serão realizadas em outras datas a serem previamente comunicadas pela Diocese. Por fim, desejamos que a Celebração do Mistério Pascal de Cristo aumente em nós a confiança de que não estamos sozinhos, de que o Senhor vivo e ressuscitado caminha conosco. Que Maria, Mãe
da Igreja e seu castíssimo esposo, São José, continuem a interceder por nós e pelo fim da Pandemia.
Patos de Minas, 25 de março de 2021,
Solenidade da Anunciação do Senhor
Dom Frei Claudio Nori Sturm
Bispo da Diocese de Patos de Minas
Pe. Frederico Honório de Oliveira
Assessor de Liturgia