Neste mês de abril vivenciamos tempos litúrgicos muito fortes na Igreja Católica. Caminhamos para o final do tempo quaresmal e entramos nas comemorações da Semana Santa.
O Domingo de Ramos é o marco de abertura da Semana Santa. Entramos numa Semana muito especial do tempo litúrgico, a Semana Santa, pois estamos chegando no final da Páscoa do Senhor. Podemos vislumbrar a Pascoa do Senhor na liturgia que expressa todo o mistério pascal, numa espécie de síntese do Mistério da Paixão e Ressurreição do Senhor.
Portanto, antes de celebrar a Páscoa propriamente dita, passaremos pela morte e ressurreição, contida no memorial da Paixão. Seguiremos nesta semana, os passos de Jesus até o Calvário. Somos convidados a caminhar com ele; ver e ouvir os seus ensinamentos; recordar as muitas emoções sentidas durante esses quarenta dias.
Seguindo os ritos litúrgicos da Semana Santa, entramos na celebração do mistério pascal, centro e ápice da história da salvação, que se abre com a Missa vespertina da quinta-feira santa em que se comemora a Ceia do Senhor.
Os textos bíblicos convergem todos para o tema da Ceia pascal. Recordamos com o trecho do Êxodo (12,1-8.11-14) a instituição da Páscoa antiga, quando Deus ordenou aos hebreus imolarem, em cada família “um cordeiro sem defeito”, marcar as soleiras das portas de entrada das casas com seu sangue para que fossem poupadas do extermínio dos primogênitos e, comê-lo às pressas, como quem vai viajar.
Jesus escolhe a celebração da Páscoa hebraica para instituir a nova, a sua Páscoa, em que ele é o verdadeiro “Cordeiro sem mancha” imolado e consumido pela salvação do mundo. Ao sentar-se à mesa com os discípulos, inicia o novo rito. Aquele pão milagrosamente transformado no Corpo de Cristo, e aquele cálice que já não contém vinho, mas Sangue de Cristo, oferecidos, tornaram-se o anúncio e a antecipação da paixão do Senhor, na qual ele iria derramar todo o Sangue, e são hoje, seu memorial que celebramos em sua memória. Assim é apresentada a Eucaristia por S. Paulo, quando diz: “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor”. Juntamente com a Ceia Pascal, Jesus nos deixa o mandamento do amor: “Tendo amado os seus… amou-os até o fim” (Jo 13, 1-15).
A liturgia da Sexta-feira Santa convida para a comovente contemplação do mistério da Cruz, que não uma simples recordação, mas um convite para reviver a dolorosa Peixão do Senhor. Aparece a causa de tal sofrimento descrito pelo profeta Isaías: “Foi castigado por nossos crimes, esmagado por nossas iniquidades”; e mostra também o valor expiratório: “O castigo que nos salva caiu sobre ele; por suas chagas fomos curados” (Is 53,5). Tudo aponta para a Cruz de Cristo como centro da história da salvação, já apontado pelo profeta através da figura do Servo de Javé, como indicação do Messias que iria salvar a humanidade com a entrega de si.
Com a celebração da Vigília Pascal, no sábado Santo, aparece o desfecho final de toda o percurso da celebração do Mistério Pascal. A grande vigília nos convida a contemplar, em síntese, o mistério Pascal da paixão-morte-ressurreição do Senhor, no qual converge e se realiza toda a história da salvação.
A história da salvação, que culmina no mistério pascal de Cristo, torna-se história de cada homem, mediante o batismo que o insere nesse mistério. Por este sacramento, de fato, “fomos sepultados com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo ressuscitou dos mortos… assim também nós levássemos vida nova” (Rm 6,4).
Celebrar a Páscoa significa “passar” com Cristo da morte à vida, “passagem” iniciada com o batismo, mas que deve ser realizada de maneira sempre mais plena durante toda a vida do cristão.
Desejo a todos uma fecunda e frutuosa celebração dos mistérios Pascais!